Como as apostas políticas est?o influenciando a Campanha Eleitoral de 2024 nos EUA
Com a elei??o dos EUA de 2024 a poucos dias de acontecer, as apostas políticas est?o em alta, à medida que traders e apostadores casuais fazem grandes apostas. Mercados de previs?es eleitorais, como Polymarket e Kalshi, est?o aproveitando essa euforia, enquanto plataformas consolidadas, como PredictIt, continuam enfrentando batalhas legais com a Comiss?o de Futuros de Commodities (CFTC), o que complica ainda mais o cenário das apostas políticas. Essas plataformas n?o apenas chamam a aten??o pelo capital investido, mas também pelo potencial dos mercados de influenciar a percep??o pública.
Os mercados de previs?es permitem que apostadores negociem a??es atreladas a resultados políticos específicos, como quem vencerá a presidência ou se um candidato desistirá da corrida. As a??es variam geralmente entre US$ 0 e US$ 1. Aquelas ligadas ao resultado vencedor pagam US$ 1, enquanto as demais perdem o valor. Apesar da simplicidade desse modelo, os mercados têm mostrado comportamentos atípicos, com grandes apostas em resultados improváveis, como a reelei??o de Donald Trump, mesmo com pesquisas indicando uma realidade mais moderada.
Compara??o entre PredictIt, Kalshi e Polymarket
O Polymarket mostra uma base de usuários ativa, especialmente em eventos-chave, com aproximadamente US$ 2 milh?es em interesse aberto. O PredictIt apresenta cerca de US$ 4 milh?es em interesse aberto e um volume total de negocia??o de US$ 10 milh?es no último ciclo eleitoral, atraindo acadêmicos e analistas. Já o Kalshi, que busca ampliar seu apelo, reporta US$ 3 milh?es em interesse aberto e apostas individuais de até US$ 500 mil, refletindo o esfor?o para democratizar a experiência de apostas. A previs?o é que o total apostado em 2024 ultrapasse os US$ 25 milh?es, um aumento expressivo em rela??o aos US$ 10 milh?es de 2020.
Esse crescimento n?o apenas demonstra maior engajamento, mas também revela uma mudan?a na narrativa em torno das previs?es políticas, onde os mercados de apostas est?o se tornando fundamentais na defini??o de estratégias eleitorais e na forma??o de percep??es públicas.
Spread betting: um instrumento financeiro único
Spread betting originated in the UK in the 1970s and was initially linked to the financial markets, but its roots differ slightly from derivatives trading. It began when Stuart Wheeler, a City trader, founded IG Index in 1974 to allow people to bet on the price of gold without owning it. This concept quickly expanded to cover various financial markets, such as indices, stocks, and commodities, making it popular with those interested in speculating on price movements.
Embora o spread betting n?o seja tecnicamente um derivativo, elas compartilham semelhan?as com instrumentos derivados. Ambas envolvem a especula??o sobre o pre?o de um ativo subjacente sem a propriedade direta do mesmo. No spread betting, o apostador prevê os movimentos de pre?o, enquanto em derivados como futuros e op??es, os traders celebram contratos que lhes d?o o direito ou a obriga??o de comprar ou vender um ativo em uma data futura. Ambas as formas de negocia??o s?o alavancadas, permitindo retornos (ou perdas) potencialmente maiores com base em um capital inicial menor.
A principal distin??o é que o spread betting é classificado como jogos de azar em algumas jurisdi??es, como o Reino Unido, enquanto os derivados s?o instrumentos financeiros regulados como parte dos mercados de investimento. No entanto, ambas requerem uma compreens?o profunda dos movimentos do mercado e das estratégias de gerenciamento de risco.
Manipula??o ou impulso?
Um dos principais atores nesses mercados eleitorais é o “FrediGroup”, um conjunto de contas an?nimas que investiu quase US$ 40 milh?es em mercados relacionados a Trump no Polymarket. Acredita-se que o grupo, que pode ser uma única entidade, acumulou mais de 20 milh?es de a??es em Trump, com uma das maiores contas, @Fredi9999, detendo essa quantidade apenas no mercado presidencial.
De acordo com o Financial Times, grande parte do movimento do mercado tem sido impulsionada por grandes ordens limitadas de um pequeno grupo de contas, gerando debates sobre se essas negocia??es representam cren?as genuínas ou manipula??o do mercado. Alguns investigadores da internet sugeriram que essas contas podem estar interligadas e agindo em conjunto para inflar artificialmente as chances de Trump, potencialmente para influenciar tanto a percep??o pública quanto os mercados adjacentes relacionados. As teorias s?o diversas, incluindo a possibilidade de que o FrediGroup esteja tentando um esquema de pump-and-dump — elevar os pre?os antes de vender as a??es com lucro — ou até mesmo negociando com base em informa??es privilegiadas.
Fonte: SiGMA News. Essas estatísticas ilustram o crescimento significativo no engajamento dos usuários e na atividade do mercado nessas plataformas ao longo do período de quatro anos, enfatizando a evolu??o do cenário dos mercados de previs?o.
O professor de economia da Barnard, Rajiv Sethi, em uma entrevista ao Financial Times, levantou a possibilidade de que o grupo possa possuir informa??es privilegiadas prejudiciais à campanha de Kamala Harris, ou de outro player importante na elei??o, que poderiam mudar as probabilidades a favor de Trump. Embora o resultado da elei??o permane?a incerto, a mera existência de tal especula??o demonstra como os mercados de apostas políticas podem moldar narrativas além do que as pesquisas tradicionais podem alcan?ar.
Números e volatilidade nas apostas políticas
O mercado de apostas políticas, assim como qualquer mercado financeiro, depende de liquidez. No Polymarket, a liquidez permite que traders fa?am apostas significativas que afetam os pre?os dos resultados. No início de outubro de 2024, o interesse aberto nos mercados presidenciais dos EUA ultrapassava US$ 500 milh?es, um aumento em rela??o aos US$ 300 milh?es de 2020. O grande volume de apostas trouxe visibilidade, mas também volatilidade, com odds mudando rapidamente devido a desenvolvimentos políticos.
Também é importante considerar a base de custo dos traders. Por exemplo, o pre?o médio das a??es do FrediGroup para apostas relacionadas a Trump é de aproximadamente US$ 0,55 por a??o, o que significa que o grupo já está atuando em uma arena de alto risco, onde até mesmo pequenas quedas nas probabilidades de Trump poderiam resultar em perdas significativas. No final de outubro de 2024, as participa??es do FrediGroup haviam aumentado em valor em mais de US$ 2 milh?es, sinalizando um forte impulso positivo para Trump, pelo menos na percep??o dos participantes do mercado.
Mas isso poderia ser uma bolha prestes a estourar? Mesmo que traders como o FrediGroup estejam genuinamente apostando em uma vitória de Trump, suas participa??es podem distorcer o verdadeiro poder preditivo do mercado. Como aponta o Financial Times, o perigo nos mercados de apostas está em sua vulnerabilidade à manipula??o, particularmente em mercados pouco líquidos. Com menos participantes e baixa liquidez, grandes players podem influenciar as condi??es de maneira que n?o reflita necessariamente o sentimento mais amplo.
Apostas vs. pesquisas: a percep??o do poder
Um dos aspectos mais interessantes é como as apostas políticas contrastam com métodos tradicionais de pesquisa. Enquanto pesquisas medem o sentimento dos eleitores, os mercados de apostas s?o especulativos e movidos pelas estratégias dos traders. Elon Musk recentemente afirmou que esses mercados s?o “mais precisos do que pesquisas”, provocando debate sobre sua eficácia. No entanto, estudos mostram que, embora os mercados possam capturar mudan?as rápidas, eles n?o est?o imunes a erros e podem ser distorcidos por especuladores.
No caso da elei??o de 2024, os mercados de apostas est?o apresentando uma imagem diferente da de muitos institutos de pesquisa, com as odds de Trump subindo mesmo diante de desafios legais e déficits nas pesquisas. Essa discrepancia ilustra como os movimentos do mercado — seja refletindo um sentimento genuíno ou impulsionados por traders especulativos como o FrediGroup — podem alterar a percep??o pública. Analistas e comentaristas conservadores aproveitaram esses dados, apresentando a melhora nas odds de Trump como prova de uma “maioria silenciosa” apoiando seu retorno à Casa Branca. Capturas de tela das odds da Polymarket têm circulado amplamente nas redes sociais, refor?ando narrativas que podem n?o estar alinhadas com os dados das pesquisas, mas carregam o peso da sabedoria percebida do mercado.
Limita??es e a noite da elei??o
Apesar do fascínio por mercados de previs?o, é essencial reconhecer suas limita??es. Muitas plataformas imp?em limites de apostas, como PredictIt, que permite apostas de até US$ 850, desincentivando negocia??es baseadas apenas em previs?es precisas e incentivando apostas especulativas. Além disso, taxas de retirada, como as de 5% no PredictIt, adicionam atrito, alterando os incentivos dos participantes.
O verdadeiro teste desses mercados ocorrerá na noite da elei??o, quando as odds se ajustar?o para 0% ou 100%, dependendo dos resultados dos estados decisivos. Em 2020, algumas plataformas mantiveram as apostas abertas mesmo após a vitória de Biden, um erro que provavelmente n?o se repetirá.
A convergência entre pesquisas, mercados de apostas e narrativas midiáticas oferece uma vis?o fascinante sobre as previs?es políticas modernas. Embora os mercados de apostas forne?am um term?metro em tempo real, sua precis?o deve ser vista com ceticismo. Grandes jogadores, como o FrediGroup, mostram que mesmo sistemas aparentemente racionais podem ser distorcidos por dinheiro. Resta saber se as odds de Trump refletem uma tendência real ou uma estratégia de mercado. No entanto, a li??o para a noite da elei??o é clara: encare os mercados com cautela, mesmo que eles se tornem cada vez mais influentes no discurso político.
Como ressalta o Financial Times, é crucial abordar os mercados de apostas de maneira “literal, mas n?o séria” em rela??o ao seu impacto nos resultados eleitorais. Esses mercados funcionam como ferramentas de especula??o, e n?o como bolas de cristal para prever elei??es.
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